Dificuldades na Linguagem, Fala e Comunicação
As dificuldades no desenvolvimento da linguagem são alterações no processo de desenvolvimento da expressão e compreensão de material verbal e/ou escrito que afetam diferentemente a capacidade de interagir com o outro, sendo mais frequente no desenvolvimento da criança.
Na maioria das vezes estas dificuldades são percebidas pelos pais, educadores e pediatras que referem frequentemente que a criança tem dificuldade em falar, é dificilmente compreendida pelos seus parceiros de comunicação, troca frequentemente sons na fala, entre outros.
Desta forma, no desenvolvimento inicial da comunicação e da linguagem, é importante estar atento ao vocabulário; à extensão média dos enunciados (número de palavras utilizadas); complexidade sintática das frases; entoação; articulação de cada um dos fonemas (sons) da língua; às trocas presentes na fala da criança; ao uso da linguagem feita através discurso, intenção e iniciativa comunicativa, bem como a fluência de fala.
Sinais de alerta
0 aos 2 anos:
- não vocaliza
- não brinca com os sons
- não responde à voz humana
- não responde ao nome (verificar Audição Médico de Família – rastreioauditivo)
- A criança não aponta para pedir aos 12 meses.
- A criança não usa nem imita gestos para comunicar.
- A criança não demonstra intencionalidade comunicativa.
- A criança não passa dos sons/gestos às primeiras palavras (16-18 meses).
- A criança não combina 2 palavras, formando frases telegráficas (24 meses).
3 anos
- Os interlocutores preferenciais não percebem a criança (2-3 anos).
- A criança usa palavras isoladas ou apenas frases telegráficas, nãoconstruindo frases simples.
- Vocabulário muito reduzido.
- Dificuldade em adquirir vocabulário
- Dificuldade em nomear algo que já faz parte do seu vocabulário ativo.
- Dificuldade na identificação de objetos, animais e alimentos do seuquotidiano (compreensão).
- Dificuldade na execução de ordens com um ou dois itens.
- Dificuldade na compreensão da interrogativa (Quem? Que faz? O quê? Onde?)
4 anos
- A criança tem uma linguagem incompreensível para os estranhos (3-4 anos).
- Não há complexificação das frases simples
- Não aumentam os elementos frásicos
- Não há construção de frases complexas
- Discurso é pouco coerente e desorganizado.
- A criança não faz perguntas.
- A criança não conta ou não compreende histórias.
- Dificuldade na discriminação de pares mínimos (ex: mota/bota; pão/mão/cão).
5 anos
- Erros frequentes na conjugação verbal, incluindo verbos regulares (ex: eles estavem à jogar à bola).
- Erros de concordância frequentes, em situações regulares e irregulares: sujeito/verbo; género e número.
- Dificuldade nas tarefas de consciência de sílabas e sons.
- Erros de articulação persistem.
Intervenção
Antes de todo o processo de intervenção é necessário realizar uma avaliação pormenorizada de todos os domínios linguísticos e comunicativos da criança. Entendendo que os primeiros anos de vida são cruciais na formação dos seus conhecimentos linguísticos, o diagnóstico e a intervenção precoce também são de extrema importância.
Em crianças de idades mais precoces (até por volta dos 3 anos de idade), o trabalho é maioritariamente de “floortime” utilizando brinquedos adequados à sua idade, são feitas “brincadeiras” divertidas e dinâmicas e jogos lúdicos, sempre com objetivos bem estabelecidos. Em crianças um pouco mais velhas já não é feito tanto trabalho de “chão” mas são igualmente desenvolvidas atividades lúdicas que vão de encontro aos objetivos terapêuticos delineados.
Por forma a dar continuidade ao trabalho realizado em sessão, é igualmente necessário articular com as famílias e com a escola fornecendo estratégias orientadoras para irem colocando em prática envolvendo-os diretamente e integrando-os como fazendo parte do processo de intervenção.